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Quando músicos de várias gerações estão na mesma orquestra

Em Los Angeles, projeto que reúne jovens e veteranos combate a solidão e o preconceito. Heart of Los Angeles (Coração de Los Angeles), mais conhecida como H...

Quando músicos de várias gerações estão na mesma orquestra
Quando músicos de várias gerações estão na mesma orquestra (Foto: Reprodução)

Em Los Angeles, projeto que reúne jovens e veteranos combate a solidão e o preconceito. Heart of Los Angeles (Coração de Los Angeles), mais conhecida como HOLA – “olá” em espanhol – é uma organização sem fins lucrativos voltada para jovens carentes, com programas de apoio a artes, atletismo, aprendizado e suporte às famílias. A joia da coroa é um projeto intergeracional cuja principal atração é uma orquestra, mas que também tem uma big band, que toca jazz, e um coro: a Eisner Intergenerational Orchestra, Big Band and Choir. Foi emocionante ouvir Tony Brown, diretor-executivo da entidade, discorrer sobre como a música é o melhor caminho para fazer uma ponte entre as gerações: Orquestra Intergeracional do Heart of Los Angeles Divulgação “Nem é preciso falar a mesma língua, basta unir os talentos em torno de um propósito. Também é uma forma de combater a solidão, presente em todas as gerações, e o preconceito contra os mais velhos. São lições de mão dupla. Os jovens ganham confiança com o apoio dos veteranos e esses se sentem motivados ao compartilhar o que sabem”. Aos 54 anos, ele próprio toca clarinete, mas avaliou que estava meio enferrujado para participar da orquestra e só canta no coro. A ideia começou a tomar corpo em 2020 e a estreia aconteceu em dezembro de 2021, ainda sob o impacto da pandemia. As apresentações, sempre gratuitas, reúnem cerca de 90 músicos, como Jezabel Cruz, de 15 anos, que toca viola e diz: “é bom poder aproveitar a sabedoria dos mais velhos”. Ao seu lado, o veterano Louis Fantasia, no contrabaixo, acrescenta: “aprendo todos os dias”. Numa conversa on-line promovida pela CoGenerate, organização criada por Marc Freeman para incentivar a intergeracionalidade, o depoimento que comoveu todos foi o da primeira violista, Isabella Mier, de 19 anos: A primeira violista, Isabella Mier, de 19 anos: “ali me senti em casa” Divulgação “Devo minha vida à orquestra. No começo do Ensino Médio, sofria um bullying pesado, que me levou a ter pensamentos suicidas e deixar a escola. Estava perdendo a esperança até encontrar a orquestra. Ali me senti em casa e descobri uma razão para continuar”. A artista, que recentemente fez sua estreia internacional, na Islândia, teve a oportunidade de ser “mentora” de Jane Tsong, na faixa dos 50 anos, que se sentia perdida e insegura. Foi o incentivo da colega mais jovem que a impediu de desistir, como conta: “Nasci em Taiwan e leio partituras desde pequena, antes de aprender a falar inglês. No primeiro dia na orquestra, estava tão nervosa que nem conseguia entender em que página estávamos, mas Isabella irradiava uma enorme energia e sempre teve certeza de que eu conseguiria. É um modelo de liderança bem diferente dos existentes na minha geração. Toco vários instrumentos, mas nunca havia sentido essa conexão. Consegui resgatar o prazer pela música da infância, é como se eu voltasse a ser criança”. Big Band do HOLA também reúne músicos veteranos e jovens Divulgação Veja também: VÍDEO: música traz benefícios para a saúde de idosos Música traz benefícios para a saúde de idosos