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Por que as mulheres passam um número maior de anos com saúde pior

Aos 74 anos, a futurista Maddy Dychtwald aconselha: 'Não se estresse em busca da perfeição'. Na quinta-feira passada, escrevi que a saúde das mulheres mais ...

Por que as mulheres passam um número maior de anos com saúde pior
Por que as mulheres passam um número maior de anos com saúde pior (Foto: Reprodução)

Aos 74 anos, a futurista Maddy Dychtwald aconselha: 'Não se estresse em busca da perfeição'. Na quinta-feira passada, escrevi que a saúde das mulheres mais velhas não recebe a atenção devida: como ficam fora dos ensaios clínicos para a fabricação de medicamentos, os remédios que consomem podem não atender às suas necessidades. Volto à questão feminina depois de assistir à palestra on-line da futurista Maddy Dychtwald, cofundadora do Age Wave e autora de quatro livros sobre um mundo cada vez mais grisalho. Maddy Dychtwald: “não se trata de ser imune à passagem do tempo, mas de saber lidar com as mudanças” Divulgação A escritora tem se debruçado sobre a disparidade do envelhecimento entre homens e mulheres: “elas passam um número maior de anos com saúde pior e não deveria ser assim. Uma boa parte do controle está em nossas mãos, e digo isso porque minha carga genética não é muito favorável. Tive displasia do quadril quando criança, quando nem se sabia do que se tratava. Como gostava de me exercitar, me habituei a sentir dores horríveis. Mudanças no meu estilo de vida e no ambiente que me cercava foram fundamentais”. Dychtwald diz que adotou uma dieta anti-inflamatória: cortou álcool, açúcar, glúten e ultraprocessados. Disciplinou-se para dormir bem, através de exercícios de relaxamento e meditação. E, claro, se submeteu à cirurgia para implantar próteses nos quadris. Decidiu compartilhar o que aprendeu no livro “Ageless aging: a woman´s guide to increasing a healthspan, brainspan and lifespan” (algo como “Envelhecimento à prova de idade: um guia para a mulher aumentar a duração dos anos de saúde, da capacidade do cérebro e de vida”), escrito com Kate Hanley. Reconhece os desafios que as mulheres têm ao se desdobrar em diferentes papéis, mas ensina: “É preciso valorizar as coisas boas. Não se trata de ser imune à passagem do tempo, mas de saber lidar com as mudanças. Ter uma visão positiva da velhice proporciona 7.5 anos a mais de expectativa de vida. Todos sabemos da importância de bons hábitos, o segredo é buscar o gatilho capaz de nos motivar a fazer as alterações necessárias”. Sobre o que mudaria em sua própria trajetória, resume num conselho que deu para a filha de 37 anos: “não se estresse em busca da perfeição”. Aos 74 anos, ainda faz terapia hormonal da menopausa e lembrou que um estudo de 2002 acabou se tornando um desserviço à causa feminina. Conhecido como Women´s Health Initiative, ele apontou que a reposição hormonal estava ligada a uma incidência duas vezes maior de demência entre mulheres acima dos 65 anos. A informação fez com que muitos médicos deixassem de prescrevê-la para suas pacientes, mas a pesquisa tinha um viés: as participantes estavam há muito tempo na pós-menopausa e receberam altas doses de hormônios. Dychtwald associa o tratamento a um envelhecimento feminino mais saudável e é respaldada pela ciência. Trabalho recente, realizado por pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts, lançou nova luz sobre a relação entre a idade da menopausa, a utilização da reposição hormonal e o Alzheimer. “Na terapia hormonal, o timing é tudo. A reposição, se iniciada de forma precoce, protege contra a doença cardiovascular e preserva as funções cognitivas. Descobrimos que altos níveis da proteína tau, envolvida no processo do Alzheimer, só foram observados em mulheres que começaram a fazer reposição hormonal tardiamente, ou seja, cinco anos depois da menopausa”, afirmou a pesquisadora Rachel Buckley, do departamento de neurologia da instituição. Veja também: VÍDEO: como prevenir queda de idosos Saúde em Dia: Prevenção de Queda em Idosos