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Medicamento usado na artrite reumatoide pode combater o Parkinson

Pesquisadores da UFRJ descobriram o potencial do abatacept para impedir uma reação imunológica no cérebro dos pacientes A neurocientista Claudia Figueiredo,...

Medicamento usado na artrite reumatoide pode combater o Parkinson
Medicamento usado na artrite reumatoide pode combater o Parkinson (Foto: Reprodução)

Pesquisadores da UFRJ descobriram o potencial do abatacept para impedir uma reação imunológica no cérebro dos pacientes A neurocientista Claudia Figueiredo, professora da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, costuma dizer que a ciência é um grande quebra-cabeça no qual cada um contribui com uma pecinha para solucionar o desafio. Com a participação de pesquisadores de diferentes laboratórios da UFRJ, foi exatamente o que ela fez, ao descobrir que o abatacept, um medicamento utilizado no tratamento da artrite reumatoide, pode desempenhar um papel crucial no combate à Doença de Parkinson. Da esquerda para a direita, Yraima Cordeiro, Giselle Passos e Claudia Figueiredo, professoras da Faculdade de Farmácia da UFRJ que participaram da pesquisa Acervo pessoal “No Parkinson, uma proteína chamada α-sinucleína, que em condições normais ajuda na comunicação entre os neurônios, forma aglomerados que são reconhecidos como algo estranho ao organismo. Há uma enxurrada de células do sistema imune para o cérebro, mas elas não conseguem desfazer os aglomerados e prejudicam ainda mais o funcionamento dos neurônios. Já tínhamos pistas de que esse descontrole era ocasionado por células T auxiliares, que também se apresentam alteradas na artrite reumatoide, e testamos a hipótese”, explicou a cientista. A hipótese estava corretíssima. Apelando para uma imagem simples, essas células, que deveriam funcionar como bombeiros, estavam agravando o incêndio, provocando um quadro inflamatório severo. Felizmente, o medicamento abatacept, usado no controle de artrite reumatoide, diminui, de forma seletiva, justamente as células T auxiliares. “Áreas como a oncologia e a reumatologia estão bem evoluídas e dispõem de um grande arsenal farmacológico. Ao utilizar uma droga que estava disponível, fizemos o que se chama de reposicionamento de fármaco, ou seja, um mesmo remédio pode ser usado com objetivo diferente. Esse é um campo muito promissor, com o potencial de acelerar bastante todo o processo. Por exemplo, não é necessário testar a toxicidade da substância, algo que já foi feito”, detalhou. O trabalho foi viabilizado graças ao financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e acaba de ser publicado na "Molecular Psychiatry", uma das principais revistas científicas da área. Figueiredo só lamenta a escassez de verbas destinadas ao mundo acadêmico: “90% da pesquisa científica é produzida nas universidades, mas, apesar dos recursos disponíveis no Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, lutamos com uma crônica falta de recursos”. Clínica conscientiza familiares de pacientes com Parkinson