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Apesar da falta de evidências científicas, suplementos se tornam um filão para celebridades

O ex-jogador David Beckman acaba de lançar uma pílula de longevidade celular, mas médicos alertam: uma dieta alimentar balanceada garante os nutrientes neces...

Apesar da falta de evidências científicas, suplementos se tornam um filão para celebridades
Apesar da falta de evidências científicas, suplementos se tornam um filão para celebridades (Foto: Reprodução)

O ex-jogador David Beckman acaba de lançar uma pílula de longevidade celular, mas médicos alertam: uma dieta alimentar balanceada garante os nutrientes necessários ao organismo É quase um chamado irresistível: quando chegam ao patamar de estrelas, celebridades de todos os matizes lançam produtos e se transformam em marcas. Embora perfumes e cosméticos fiquem na liderança, o apelo de saúde e bem-estar se tornou um filão tão sedutor que o mais novo empreendedor na área é o ex-jogador britânico David Beckham. Sua empresa acaba de entrar no ramo dos suplementos, numa parceria com a Prenetics, uma companhia de biotecnologia. O ex-jogador David Beckham lança linha de suplementos: celebridades apostam no filão milionário Divulgação Beckham é o garoto propaganda do suplemento em pó que, com 92 ingredientes, pretende substituir todos os existentes no mercado; e de uma pílula da “longevidade celular”. A empresa não esquece de apresentar, entre seus colaboradores, médicos e cientistas de centros de referência, como Mayo Clinic, Cedars-Sinai Hospital e Nasa. Ele não está sozinho. Recentemente, o milionário Bryan Johnson ganhou notoriedade ao divulgar que toma dezenas de comprimidos por dia e gasta cerca de US$ 2 milhões por ano em procedimentos e dietas para rejuvenescer. E adivinhem: seu protocolo Blueprint também é um balcão de vendas! Os dois se renderam a um segmento cujas vendas explodiram durante a pandemia, alcançando, no mundo, a cifra de US$ 220 bilhões em 2023 – com a estimativa de bater os US$ 330 bi em 2028. Ninguém duvida de que Beckham será um ótimo vendedor. A questão é que as evidências médicas sugerem que tomar suplementos não protege ou melhora a saúde de indivíduos saudáveis. Uma dieta alimentar balanceada garante todos os nutrientes necessários. Em 2022, a Harvard Health Publishing, publicação da faculdade de medicina de Harvard, fez um alerta, pedindo que as pessoas não desperdicem seu dinheiro com tais produtos. O médico Pieter Cohen, professor da universidade e especialista nessa área, afirmou que determinados indivíduos podem precisar de vitaminas e suplementos específicos porque apresentam um quadro de deficiência, mas que, para a maioria, bastaria se alimentar bem. Debaixo de um guarda-chuva que abriga de nutrientes individuais (como as vitaminas A, B, C, D, E e K, além de minerais como cálcio) a fórmulas com combinações de componentes, tais produtos não são considerados medicamentos, nem podem apregoar eficiência no tratamento de condições de saúde – por exemplo, que são capazes de diminuir o risco de doença coronariana ou de proteger contra a demência. Em 2023, os suplementos alimentares foram responsáveis por 48% das medidas cautelares e preventivas aplicadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Há riscos: a ingestão de grandes quantidades de cálcio vem sendo associada a uma chance maior de câncer de próstata. O excesso de vitamina A, que se deposita no organismo, pode provocar náusea, tonteiras e dores de cabeça. Sobre os multivitamínicos, as opiniões se dividem. Há médicos que não veem problema em serem usados, porque são capazes de suprir alguma carência nutricional, mas o doutor Cohen lembra: “eles podem oferecer vitaminas e minerais que não estão presentes na dieta da pessoa, mas não substituem uma alimentação saudável”.